Dani Marques
Certa vez, conversando com uma senhora de mais ou menos 80 anos, ela desabafou: "Nunca senti prazer no sexo. Sempre fiz porque não tinha outro jeito... Não faço ideia do que é sentir orgasmo". Juro que senti grande compaixão por essa senhora. Pensei: quantas mulheres não vivem esta realidade? Centenas? Quem sabe milhares!
Ser feliz no sexo não é só uma questão de prazer, é uma questão que também traz benefícios à saúde feminina. “O ato sexual regula hormônios variados ligados ao bem-estar, entre eles a dopamina, a ocitocina, o cortisol, o estrogênio e a testosterona. Manter uma vida sexual regular e prazerosa pode rejuvenescer a aparência e trazer sensação de bem-estar, devido ao aumento do nível de estrogênio”¹.
É certo que os filmes e novelas pintam uma realidade fantasiosa. Na TV, as mulheres chegam ao orgasmo com tanta facilidade não é mesmo? Mas é preciso acordar, colocar os pés no chão e perceber que a grande maioria das cenas românticas não retratam a vida real. Seria ótimo poder viver a magia dos filmes Hollywoodianos, mas neste caso, fantasiar demais é prejudicial. Precisamos ser realistas.
É de extrema importância que o casal desenvolva um diálogo amoroso e transparente. Não tem como atingir intimidade sexual sem diálogo. É importante dizer ao seu cônjuge aquilo que gera prazer e o que gera incômodo. É muito comum nos relacionamentos o sexo se tornar previsível com o passar do tempo: "Ah, agora ele vai beijar meu pescoço, depois os seios e em seguida vai passar a mão aqui e ali..." Não permita que a monotonia tome conta da sua vida sexual. Ela é broxante, tanto para o homem quanto para a mulher. Surpreendam-se!
Além disso, muitos tabus precisam ser quebrados. No caso da senhorinha acima (e creio que de muitas outras) acredito que sua educação a respeito do sexo tenha tido certa influência negativa. Antigamente, e ainda hoje em muitas famílias, o sexo era visto como algo sujo e pecaminoso. E esta é uma das primeiras barreiras a ser quebrada. Sexo foi criado por Deus e não há nada de errado em sentir prazer. Se você ainda tem alguma dúvida quanto a isso, sugiro que leia: Vale tudo entre as quatro paredes do quarto?
Alguns outros comportamentos e situações dificultam a entrega total da mulher, como um perfil excessivamente controlador, desconfiança de uma terceira pessoa no relacionamento, estresse ou quem sabe filhos que dormem no mesmo quarto ou em cômodos muito próximos. Para alcançar o clímax, a mulher precisa se sentir segura, a vontade e com a cabeça livre de preocupações. Deve haver uma entrega total, de corpo, mente e coração.
"É importante deixar claro que, a princípio, toda mulher está apta para chegar ao orgasmo. Alguns aspectos físicos podem contribuir significativamente na diminuição do desejo sexual, como o período menstrual; tabagismo, álcool e dependência química; uso de tranquilizantes ou de anticoncepcionais de baixa dosagem por tempo prolongado; doenças vasculares; diabetes; endometriose; miomas e a menopausa, caracterizada por sintomas como atrofia genital, menor fluxo sanguíneo, diminuição da produção de estrogênio e ressecamento vaginal"¹. É preciso ficar atenta aos sinais que seu corpo está emitindo.
Mas os especialistas são unânimes em dizer que na maioria esmagadora dos casos o foco do problema está dentro da cabeça.
Já disse diversas vezes aqui no blog e repito: O compartimento "sexo" no cérebro da mulher está intrinsecamente ligado ao compartimento emoção. Se sua esposa está triste, magoada, amedrontada ou angustiada, dificilmente sentirá prazer durante a relação sexual. Conheço mulheres que fingem sentir prazer uma vida inteira para agradar o parceiro. Se esta é sua realidade, te convido a conhecer melhor o seu corpo, ter uma conversa franca com seu esposo e buscar informações.
É importante também ficar atenta a frequência com o qual se atinge o clímax. “Se a mulher percebe que em um período de seis meses não atingiu o orgasmo nenhuma vez, ou poucas vezes, deve procurar ajuda, pois pode estar com um quadro de anorgasmia, uma disfunção sexual”¹.
Ao contrário do que muitos pensam, o famoso ponto "G" fica localizado na parte interna da vagina. O clitóris, que fica na parte externa, também pode proporcionar muito prazer se bem estimulado. Ele, assim como o pênis, possui grande sensibilidade e centenas de terminações nervosas.
A posição sexual também possui grande influência, pois o pênis precisa estar posicionado corretamente para estimular o ponto "G". As posições que mais favorecem esse estímulo são o tradicional papai e mamãe e a mulher por cima, pois assim, ela pode ter mais controle sobre os movimentos e além disso, o contato direto com o clitóris e o pênis tocando a parte superior interna da vagina proporcionam muito prazer.
O ponto G está localizado a mais ou menos 4 ou 5 centímetro para dentro do canal vaginal, na parte superior. Quando a mulher está excitada, fica bem mais fácil de localizá-lo, pois assim como o pênis, ele está revestido de um tecido erétil, por isso fica mais salientado. Não há problema algum em durante a relação sexual o marido tentar localizar o ponto "G" com os dedos e estimulá-lo. É um exercício de conhecimento.
Uma mulher sexualmente satisfeita se sente mais disposta, animada e alegre. Que marido não desejaria isso para sua esposa? Gosto sempre de dizer que o sexo não é a parte mais importante de um relacionamento, mas é uma das pernas da mesa. Se uma delas não estiver firme, um esbarrão mais forte poderá derrubá-la. Por isso, invista também na conservação desta "perna"!
E se você já passou dos 80, gostaria de te dar uma boa notícia: ainda dá tempo! ;)
Dani Marques é a sexóloga do Genizah
fonte: http://www.genizahvirtual.com